Esteve presente em todos os levantes em armas, desde o século VIII a 1930 que marca o fim do periódico bélico na nossa história. Cortou campos, cruzou estradas, abriu trilhas, combateu, perdeu filhos preciosos e chefes inesquecíveis e tão logo a paz acenava sua bandeira nas planícies, cerros e canhadas estavam de volta ao rancho, às lides campeiras e ao calor do ninho espartano onde se gerava e se criavam novos filhos para os árduos misteres da lida guapa, austera que legou uma sociedade única, um conjunto de princípios éticos e morais, duas línguas, um sem fim de linguagens e uma só identidade.
A IV Noite Nativista de São Pedro do Sul trouxe alguns dos mais típicos e qualificados representantes desse gaúcho meio campeiro, meio militar, não melhores do que ninguém, mas diferentes, tradutores em verso e música da mais perfeita simbiose e harmonia de um homem/centauro com o meio social, histórico e político do qual brotou e se projetou no tempo.
Ouvia-se Luís Marenco, Leonel Gomez, Jairo Lambari, Mauro Moraes, vozes fortes, afinadas, coração na garganta e algo indescritível na expressão. Ouviam-se as guitarras de Juliano Gomes, Mauro Flores Polenz, Tiago Antunes e a Botonera de Fabiano Torres, mas, sobretudo ou subjacente tinha muito mais: Havia no palco tropel de cascos das velhas cavalarias e bater de tambores de Charruas e Minuanos, plangência dos hinários Guaranis, canções de ninar de avós e bisavós e milongas prenhes de luz e sentimento que fizeram ao longo do tempo as mais belas mulheres do continente amarem homens que honraram a cor dos lenços e cepa de donde vieram.
Texto: Moisés Silveira de Menezes
Fotos: Rafael Menezes

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